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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

LIVRE ARBÍTRIO E LIVRE AGÊNCIA



1. O homem, em seu estado de inocência, tinha liberdade e poder para desejar e fazer o que era bom e agradável a Deus; mas aquele estado era mutável, ou sujeito à mudança, de forma que o homem era capaz de cair dele.


2. O homem, por sua queda num estado de pecado, perdeu inteiramente a capacidade de desejar qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; portanto, como um homem natural, sendo totalmente adverso àquele bem, e morto em pecado, ele não é capaz, por sua própria força, de se converter e preparar para salvação.


3. Quando Deus converte um pecador, e o translada para o estado de graça, Ele o livra de sua escravidão natural ao pecado, e por Sua graça somente o capacita livremente a desejar e fazer o que é espiritualmente bom; todavia, em razão de sua corrupção remanescente, ele também desejar o que é mal.


4. A vontade de homem é feita perfeita e imutavelmente livre para fazer o bem somente no estado de glória somente. Qualquer estudo da vontade do homem é incompleto sem alguma explicação da diferença entre livre-arbítrio e livre agência. Estou usado a palavra livre significando “independente, soberana, autônoma”, isto é, “não sujeita ao governo ou controle de outro”.
Um agente é “alguém age, realiza um ato, ou tem poder para agir – uma força em movimento”.
O homem é um agente moral livre, mas ele não tem um livre-arbítrio. O homem é somente livre para agir de acordo com sua natureza, e o mesmo nasce com uma natureza pecaminosa (veja Salmos 51:5);
Alguém não perseguiu muito o estudo do livre-arbítrio e da livre agência até que ele dê de frente com uma aparente contradição (note bem, eu disse “aparente”). Devemos, com toda candidez, reconhecer esta aparente contradição. Ela merece algumas sérias e pensadas considerações. Por exemplo, devemos falar sobre os mandamentos de Deus e a inabilidade do homem – a soberania de Deus e a responsabilidade do homem.
Os Mandamentos de Deus e a Inabilidade do Homem A ordem do evangelho – “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” – é endereçada pela autoridade divina a toda criatura e, portanto, é o dever de todo homem a obedecer. Há alguns que negam isto sob o fundamento de que o homem não tem a capacidade espiritual de crer em Jesus. Contudo, é totalmente um erro imaginar que a medida da capacidade moral do pecador é a medida de seu dever.
Há muitas coisas que o homem deve fazer, as quais agora ele não tem o poder moral e espiritual (embora não o físico) para fazer. Um homem deve ser casto; mas se ele tem sido por muito tempo tão imoral que não possa reprimir suas paixões, ele não está, portanto, livre da obrigação. É o dever de um devedor pagar as suas dívidas; mas se ele tem sido tão perdulário que trouxe a si mesmo a uma pobreza sem esperança, ele não está exonerado de suas dívidas por causa de sua inabilidade de pagar.
Todo homem deve crer no que é verdadeiro, mas se sua mente se tornou tão depravada que ele ama a mentira e não deseja receber a verdade, então, está ele escusado?
Se a lei de Deus tivesse que ser rebaixada de acordo com a condição moral dos pecadores, teríamos uma lei graduada por uma tabela variável para se adaptar aos graus da pecaminosidade humana. De fato, o pior homem deveria estar sob a menor lei e tornar-se, conseqüentemente, o menos culpado. Os requerimentos de Deus seriam de uma quantidade variável, e, na verdade, não estaríamos debaixo de regra alguma.
O mandamento de Cristo permanece bom, não obstante quão maus os homens possam ser; e quando Ele ordena que todos os homens em todo o lugar se arrependam, eles são requeridos a se arrependerem, tanto se sua pecaminosidade torna impossível para eles agir voluntariamente assim, ou não. Em todo caso, é o dever do homem fazer o que Deus o ordena.
Mas, alguém pode perguntar, como pode uma pessoa ser um agente livre e responsável se suas ações foram pré-ordenadas desde a eternidade? Novamente, um agente livre e responsável significa uma pessoa inteligente que age com autodeterminação racional. Pré-ordenação significa que desde a eternidade passada Deus fez certo o curso real dos eventos que ocorrem na vida de cada pessoa e no reino da natureza.
É importante notar de início que a verdadeira solução desta questão difícil com respeito à soberania de Deus e a liberdade do homem, não deve ser encontrada na negação da soberania de Deus; nem deve ser encontrada na negação da responsabilidade do homem. O mesmo Deus que ordenou os eventos, ordenou a liberdade e a responsabilidade humana no meio destes eventos. A Bíblia ensina que da mesma forma com é importante afirmar a verdadeira validade dos agentes secundários (homem), é importante afirmar a validade última da causa final (Deus).
Alguém pode prontamente ver que temos como solução o fatalismo por um lado, ou o plano e propósito inteligente de um Deus todo-poderoso e pessoal, do outro. A Bíblia claramente ensina que Deus tem um plano e Ele tem a sabedoria e o poder para executar esse plano.
O Pelagianismo nega a depravação humana, a necessidade da graça eficaz e exalta a vontade humana acima da vontade divina. Os Pelagianos não crêem na imputação do pecado de Adão. Negando a pecaminosidade do homem, o Pelagianismo exalta a vontade de homem e abre a porta da crença Arminiana de que o homem livremente, por si mesmo, escolhe a Deus. Portanto, o Pelagianismo é a mão do Arminianismo; de fato, o “Arminianismo” pode se encontrado doze séculos antes de Arminius nascer.
Uma citação da Exposição da Confissão de Fé de Westminster, de Robert Shaw, colocará a visão Arminiana e Calvinista sobre o livre-arbítrio em perspectiva:
A decisão da maioria dos pontos entre controvérsia, entre Calvinistas e Arminianos, como o Presidente Edwards observou, depende da determinação da questão – Em que consiste aquela liberdade da vontade que é requerida pela agência moral?
De acordo com os Arminianos três coisas pertencem a liberdade da vontade: - 1. Que a vontade tem um poder auto-determinante , ou uma certa soberania sobre si mesma, e sobre seus próprios atos, pelo qual ela determina suas próprias volições. 2. Um estado de indiferença, ou de equilíbrio, segundo o qual a vontade não possui qualquer propensão antecedente, e inteiramente livre de qualquer inclinação atrativa para um lado ou outro. 3. Que a volição, ou atos da vontade, são contingentes, não somente em oposição a toda restrição, mas a toda necessidade, ou a qualquer ligação fixa e certa com algum prévio fundamento ou razão de sua existência. Os Calvinistas, por outro lado, sustentam que um poder na vontade para determinar suas próprias determinações é desprovido de significado, ou se suposto, é contrário aos primeiros princípios da filosofia: algo acontecer sem uma causa; a idéia da alma exercer uma ação de escolha de preferência, enquanto, ao mesmo tempo, a vontade está em perfeito equilíbrio, ou estado de indiferença, está repleta de absurdos e auto-contradições; e, como nada pode acontecer sem uma causa, os atos da vontade nunca são contingente, ou sem necessidade – entendimento por necessidade, uma necessidade de conseqüência, ou uma ligação infalível com algo precedente.
De acordo com os Calvinistas, a liberdade de um agente moral consiste no poder de agir de acordo com sua escolha; e aqueles ações são livres quando são realizadas sem qualquer compulsão ou restrição externa, em conseqüência da determinação de sua própria mente. “A necessidade do desejo e da atuação do homem em conformidade com suas apreensões e disposição, é, na opinião deles, completamente consistente com todas a liberdade que pode pertencer a uma natureza racional. O Ser infinito necessariamente quer e age de acordo com a perfeição absoluta de sua natureza, todavia com a mais alta liberdade. Os anjos necessariamente querem e agem de acordo com a perfeição de suas naturezas, todavia com completa liberdade; porque este tipo de necessidade está tão longe de interferir na liberdade da vontade, que a perfeição da liberdade da vontade descansa em tal necessidade. A própria essência de sua liberdade descansa em agir conscientemente, escolhendo ou rejeitando sem qualquer compulsão ou restrição externa, mas de acordo com princípios internos de apreensão racional e disposição natural”. [5]
Assim, os Arminianos e os Calvinistas diferem sobre suas condições qualificatórias do que constitui um livre-arbítrio. Os Calvinistas crêem que o homem é livre e agir de acordo com sua natureza. Os Arminianos, com suas origens Pelagianas que negam a depravação moral, crêem que a vontade pode fazer escolhas que sejam completamente não contaminadas por sua natureza e, assim, ter um “livre-arbítrio”. Em contraste, os Calvinistas crêem que o homem é um agente livre – livre para agir de acordo com sua própria natureza.
Livre agência não deve ser confundida com “livre-arbítrio”. Por causa da queda, os homem perderam sua capacidade – a vontade – de obedecer a Deus, mas eles são da mesma forma responsáveis para com Deus de obedecer perfeitamente os Seus mandamentos. Dessa forma, Spurgeon pôde dizer: “Eu temo mais do que qualquer coisa, o você ser deixado ao seu próprio livre-arbítrio”. O Arminianismo, ao lado do hiper-Calvinismo, argui que os pecadores não podem ser obrigados a fazer o que eles não são capazes de fazer, a saber, crer em Cristo para salvação, visto que a capacidade para crer pertence somente aos eleitos e é dada somente num tempo determinado pelo Espírito de Deus. Eles dizem: “Porque um pregador chamar seus ouvintes ao arrependimento imediato e fé, é negar tanto a depravação humana como a graça soberana”. Assim eles dizem.
Spurgeon diz o seguinte sobre as implicações do livre-arbítrio:
De acordo com o esquema do livre-arbítrio, o Senhor tem boas intenções, mas precisa aguardar como um servo, a iniciativa de sua criatura, para saber qual é a intenção dela. Deus quer o bem e o faria, mas não pode, por causa de um homem indisposto, o qual não deseja que sejam realizadas as boas coisas de Deus. O que os senhores fazem, senão destronar o Eterno e colocar em seu lugar a criatura caída, o homem?
Pois, de acordo com essa teoria, o homem aprova, e o que ele aprova torna-se o seu destino. Tem de existir um destino em algum lugar; ou é Deus ou é o homem quem decide. Se for Deus Quem decide, então Jeová se assenta soberano em seu trono de glória, e todas as hostes Lhe obedecem, e o mundo está seguro. Em caso contrário, os senhores colocam o homem em posição de dizer: "Eu quero" ou "Eu não quero. Se eu quiser, entro no céu; se quiser, desprezarei a graça de Deus. Se quiser, conquistarei o Espírito Santo, pois sou mais forte do que Deus e mais forte que a onipotência. Se eu decidir, tornarei ineficaz o sangue de Cristo, pois sou mais poderoso que o sangue, o sangue do próprio Filho de Deus. Embora Deus estipule Seu propósito, me rirei desse propósito; será o meu propósito que fará o dEle realizar-se ou não".
Senhores, se isto não é ateísmo, é idolatria; é colocar o homem onde Deus deveria estar. Eu me retraio, com solene temor e horror, dessa doutrina que faz a maior das obras de Deus - a salvação do homem - depender da vontade da criatura, para que se realize ou não. Posso e hei de me gloriar neste texto da Palavra, em seu mais amplo sentido: “Assim, pois, não de pende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Romanos 9:16). [6]
A missão de nosso Senhor não era salvar todos a quem Ele se dirigia; era salvar dentre eles todos quanto o Pai havia lhe dado: “Todo o que o Pai me dá, virá a mim” (João 6:37).
Oh inconverso, sua vontade não está posta sobre o que determina sua esperança – a vontade não pode colocar a si mesma em liberdade. Somente Deus pode colocar o prisioneiro em liberdade.


Ernest C. Reisinger

sábado, 29 de novembro de 2008

CALVINISTA, PREDESTINADA, PRESBITERIANA GRAÇAS A DEUS!!!!!!!!!!!!!


"Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus". Gálatas 6:17
Paulo já era um senhor de idade e cheio de responsabilidades quando escreve aos Gálatas.
A carta, diferente de todas as outras do apóstolo, já começa com uma bronca, sem passar pelo tradicional elogio que costumava fazer à cada igreja. A carta toda é um libelo contra aqueles que queriam relativizar o sacrifício de Cristo, algo como : "foi bom Cristo ter morrido...mas além disso a salvação ainda precisa de X, Y ou Z".Claro que ele já estava cansado dessas picuinhas auto-suficientes e, ao encerrar a carta (e no trecho que ele ressalta que escreve de próprio punho), retoma o tom reprovador e avisa que não para o aborrecerem mais com essas besteiras que ele tem mais o que fazer. Não quer ser incomodado com os desvios da verdade.Igrejas e indivíduos briguentos esquecem sempre que, além disso ser uma conduta reprovável, ainda estão tirando a atenção daquilo que realmente é importante. Jesus Cristo já tinha advertido os crentes a esse respeito quando conta a parábola da figueira estéril : se, depois de tanto tempo, não dava frutos, só lhe restava ser cortada.Quando leio e ouço tanta gente inventando novas formas de salvação e, invariavelmente, baseadas em méritos humanos, como se algum de nós tivesse um mínimo de capacidade de sair da lama onde nos metemos, tenho vontade de usar uma frase semelhante do meu pai : "ora, vá pentear macacos" e não me aborreça.Para esses, Cristo é apenas um detalhe do plano de salvação que inventaram. O sangue derramado significa muito pouco comparado ao poder que eles mesmos se atribuem. A respeito desse poder já fomos alertados - muitos aparecerão fazendo sinais alegando que o fazem em nome d´Ele.Nós não trazemos no corpo as mesmas marcas que Paulo. Esse foi apedrejado, espancado, chicoteado. Passou dias e noites em calabouços. Mas trazemos a marca da Graça que Deus nos concedeu por sua soberana vontade, nos redimiu pelo sangue de Cristo - suficiente para nos salvar e, pelo Espírito do Santo nos selou.Vamos cuidar do que é importante ou seremos apenas mais um figueira cortada.

Fábio Adiron

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Providência em Tudo


Deve-se saber que a providência de Deus, tal qual é narrada na
Escritura, é oposta à fortuna ou aos casos fortuitos. É certo que – como se
esteve convencido, comumente e em todos os tempos, de que todas as coisas
acontecem de modo fortuito, e mesmo hoje tal é a opinião de quase todos os
mortais – o que deveria se expor sobre a providência é não só obscurecido
por essa má opinião, mas quase que sepultado. Se alguém cai entre ladrões ou
entre bestas ferozes, se, por um repentino vento, ocorre um naufrágio no mar,
se alguém é soterrado pela queda de uma casa ou de uma árvore, se outro,
vagando por terras desertas, encontra com o que mitigar sua penúria, ou,
depois de ter sido abatido pelas ondas, chega a um porto, milagrosamente
escapando por um fio da morte, todos esses acontecimentos, tanto os
favoráveis quanto os adversos, são atribuídos pela razão carnal à fortuna. Na
verdade, aquele que tenha aprendido da boca de Cristo que todos os cabelos
de sua cabeça estão numerados [Mt 10, 30], buscará mais distante a causa,
sustentando que qualquer evento é governado pelo oculto discernimento de
Deus. Quanto às coisas inanimadas, devemos dizer com segurança que, ainda
que a prosperidade de cada uma lhe tenha sido infundida naturalmente, não
exercem sua força a não ser que sejam dirigidas pela presença da mão de
Deus. Não são, portanto, mais do que instrumentos por meio dos quais Deus,
continuamente, introduz tanta eficácia quanto quer, e com seu arbítrio
flexiona e dirige esta ou aquela ação. Não há entre as criaturas força mais
admirável e ilustre do que a do sol, pois, além de iluminar todo o orbe com
seu fulgor, o quanto não dá do vigor e favorece todos os animais com seu
calor? E com seus raios insufla fecundidade na terra? E, tendo aquecido as
sementes nela colocadas, daí ergue as ervas verdejantes, as quais, supridas de
novos alimentos, firma e aumenta, até que cresçam em hastes? E as alimenta
com perpétuo alento, até que floresçam, e, da flor ao fruto, o qual sazona até
amadurecer? E igualmente as árvores e vinhas por ele aquecidas, primeiro
despontam e produzem folhas, e daí a flor, e da flor o fruto? Mas o Senhor,
para reivindicar a si pleno louvor de todas essas coisas, antes de criar o sol,
quis que existisse luz e que a terra estivesse repleta de todo gênero de ervas e
frutos [Gn 1, 3.11]. Portanto, o homem piedoso não terá no sol causa
principal ou necessária das coisas que antes da criação do sol existiam, mas
somente instrumento do qual Deus se serve, pois pode, se assim quiser, deixálo
de lado e, sem nenhuma dificuldade, agir por si. Depois, quando lemos em
dois lugares que o sol, pelas preces de Josué, por dois dias ficou parado um
grau [Js 10, 13], que em favor do rei Ezequiel sua sombra retrocedeu por dez
graus [2Rs 20, 11], por esses poucos milagres Deus testemunhou que o sol
não se levanta e se põe todos os dias por um instinto cego da natureza, mas
que governa seu curso para renovar a memória de seu favor paternal para
conosco. Nada é mais natural do que a primavera suceder ao inverno, do que
o verão à primavera, do que o outono ao verão. E, nessa série, se percebe
tanta diversidade que facilmente se vê que cada um dos anos, meses e dias é
composto com uma nova e especial providência de Deus.




Fonte: A Instituição da Reliigão Cristã – Tomo 1,
João Calvino, Editora Unesp, pg. 185-6.1

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Porque somos Presbiterianos


"Eu sei em que tenho crido!" Esta deve ser a postura de todo membro presbiteriano. Para que esta convicção seja possível, temos diversos recursos para capacitar e treinar os nossos membros, como por exemplo, o discipulado, os grupos familiares, a classe de Catecúmenos, a Escola Dominical, estudos durante a semana de doutrina, literatura diversificada, sites, etc. Cada membro tem a oportunidade de conversar com o seu pastor e esclarecer as suas dúvidas.
Não somos uma denominação confusa, nem sem identidade. Desde o século 16, a nossa história tem testemunhado, em períodos, lugares e circunstâncias diferentes que o nosso Deus levantou servos zelosos e fiéis com a verdade e a pureza da Igreja para que lutassem pela fé que foi entregue aos santos (Jd vs.3). Somos Calvinistas. Entretanto, não podemos cair no erro de pensar que somos limitados ao ensino de um único homem. O reformador francês João Calvino nunca teve a intenção, nem permitiu que se criasse uma denominação com o seu nome. Mas, o seu nome foi emprestado à um sistema doutrinário que possuí características que diferem de outros sistemas doutrinários dentro do Cristianismo. Calvinismo é o sistema que "repousa sobre uma profunda apreensão de Deus em Sua majestade, com a inevitável e estimulante realização da exata natureza da relação que Ele sustenta na criação como ela é, e em particular, na criatura pecadora. Aquele que crê em Deus sem reservas, está determinado a deixar que Deus seja Deus em todos os seus pensamentos, sentimentos e volições - em inteiro compasso das suas atividades vitais, intelectuais, morais e espirituais, através de suas relações pessoais, sociais e religiosas" (B.B. Warfield, Calvin and Calvinism in: Works, vol. 5, pp. 354).
O nosso sistema de governo presbiteriano significa que somos regidos pelos presbíteros. Não somos congregacionais (onde todos decidem pelo voto direto), nem episcopais (onde apenas um superior decide sobre os demais), mas somos uma igreja democrática que é representada pelos presbíteros escolhidos pela igreja local. A base do nosso governo é que o concílio é soberano.
Estes são os princípios doutrinários do nosso sistema de governo:
1) Cristo é a Cabeça da sua Igreja e a Fonte de toda a sua autoridade. Esta autoridade encontra-se escrita na Escritura, de modo que, todos têm acesso ao seu conhecimento.
2) Todos os crentes devem estar unidos entre si e ligados diretamente a Cristo, assim como os diversos membros de um corpo, que se subordinam à direção da cabeça espiritual.
3) Cristo exerce a sua autoridade em sua Igreja, por meio da Palavra de Deus e do seu Espírito.
4) O próprio Cristo determinou a natureza do governo da sua Igreja.
5) Cristo dotou tanto os membros comuns como aos oficiais da sua Igreja com autoridade, sendo que os oficiais receberam adicional autoridade, como é requisito para realização dos seus respectivos deveres.
6) Cristo estabeleceu apóstolos como os seus substitutos, entretanto, eram de caráter transitório. O ofício apostólico cessou, mas a sua autoridade é preservada pelos seus escritos, isto é, o Novo Testamento.
7) Cristo providenciou para o específico exercício da autoridade por meio de representantes (os presbíteros), a quem separou para zelar da preservação da sã doutrina, fiel adoração e disciplina na Igreja. Os presbíteros têm a responsabilidade permanente de pastorear a Igreja de Cristo.
8) A pluralidade de presbíteros numa igreja local é a liderança permanente até a segunda vinda de Cristo.
A nossa liderança não pode instruir os seus membros conforme as suas predileções pessoais, nem movidos pela moda doutrinária do momento. O nosso princípio básico orientador é: a Escritura Sagrada é a nossa única regra de fé e prática. Os pastores e presbíteros devem ser fiéis ao sistema doutrinário e governo presbiteriano. O direito que a Igreja Presbiteriana do Brasil tem de determinar as qualificações dos candidatos a cargos eclesiásticos e de requerer-lhes fidelidade é constitucional, moral e bíblico. Por isso, quando alguém anseia tornar-se um ministro ou oficial presbiteriano, ele deve prestrar solene juramento público, requerendo-lhe conhecimento, entendimento, obediência e compromisso com a nossa identidade reformada.
A família presbiteriana e reformada no mundo está unida pela adoção dos padrões doutrinários de Westminster. Entre 1643 à 1646, se reuniu em Londres a Assembléia de Westminster, que foi um grupo com mais de 120 teólogos e líderes que vieram de diversas partes do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda) e visitantes de outros países de confissão Calvinista. Este grupo dividiu-se em comissões e travaram em minunciosos debates, produzindo documentos doutrinários coerentes, precisos, concisos e vigorosos. Estes textos são conhecidos como os Padrões de Westminster: a Confissão de Fé e Catecismos Breve e Maior. Estes livros são usados como referência confessional, recurso de discipulado, treinamento de novos membros e devocional para o culto doméstico, em que cada família pode nutrir o seu lar com sã doutrina.
"O principal emblema teológico do presbiterianismo não é a sua eclesiologia [doutrina da Igreja], mas a sua teontologia [doutrina de Deus]. A doutrina da soberania é o centro da convicção presbiteriana. Todas as demais doutrinas são diretas ou por implicação resultado deste tema unificador. Héber C. de Campos observa que "o Deus que é pregado em muitos púlpitos e ensinado nas escolas dominicais, e lido em grande parte dos livros evangélicos, não passa de uma adaptação da divindade das Escrituras, uma ficção do sentimentalismo humano. Esse Deus, cuja vontade pode ser resistida, cujos desígnios podem ser frustrados e cujos propósitos podem ser derrotados, não é digno de nossa verdadeira adoração. De fato, esse não é o Deus das Escrituras."[1]
A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. W.E. Roberts de forma quase poética afirma esta verdade, declarando que "quanto mais claramente Deus é compreendido e a sua soberania reconhecida, tanto mais aceitáveis e obrigatórios se tornam os seguintes princípios: o homem é um ser livre, predestinado; a vida reta é um dever perpétuo estabelecido por Deus; a responsabilidade moral do homem foi preordenada pelo Espírito Divino; o juízo de Deus é inevitável e a libertação do castigo e da condenação só é possível mediante Jesus Cristo. A soberania, a lei e a justiça de Deus, em harmonia com a liberdade humana, fazem dos conceitos presbiterianos sobre o dever uma força moral austera e poderosa."[2]
Arminianismo num se aprende..., todo ser humano nasce arminiano! Entender e aceitar o Calvinismo é receber a graça que ofende o nosso orgulho, e repreende a desgraçada pretensão de ser livre [de Deus] e a estupidez de pensar que sou capaz de resistir ao soberano Senhor do universo, numa insensata e inútil crença de que "sou eu quem determina o meu futuro" e não o trino Deus!!! Concluir que o imperfeito, limitado, instável, insensato, confuso, ignorante, inábil, depravado e morto espiritualmente é capaz de frustrar o perfeito, infinito, imutável, sábio, onisciente e soberano Deus, é no mínimo não ter sequer noção de causação. O Arminianismo é uma tolice, se não bastasse ser antibíblico.
Creio que não é ofensivo ao meu Senhor Jesus quem/como deve ser batizado, nem quem/como se governa a igreja local [penso serem assuntos secundários ou periféricos em questão de doutrina, mas não menos importantes para a boa saúde da Igreja], mas entendo que é altamente ofensivo roubar a Sua glória de determinar a administração da Sua graça, bem como cheira blasfêmia dizer que o desgraçado pecador que é merecedor da mais intensa angústia do inferno, pretende ser superior em vontade à Ele."
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Pode ler na íntegra os 9 textos deste título em:
http://tokashiki.blogspot.com/search/label/Presbiterianismo